Senhores,
Anistiado não é
vagabundo nem corrupto. Não coloquem no mesmo saco os trabalhadores que foram
perseguidos, ofendidos e impedidos de
trabalhar, numa violência que não entra nas estatísticas das balas perdidas,
mas que ferem e matam muito mais porque ao atingir um trabalhador, atinge toda a sua família.
A
perda é imensa e deixa uma coluna em branco onde antes existia um projeto de
vida em construção, calcado no estudo e no empenho profissional. O emprego não
se restringe ao trabalhador, é bem familiar, daí que tudo que se relaciona ao
trabalho se torna herança quando da falta daquele, inclusive os retroativos. Isso
não é corrupção, é direito. CLT. Justiça.
Os anistiados estão
sendo ressarcidos dentro da lei. Em que isso incomoda tanto? A Justiça incomoda
aos senhores? Ou seria o Legislativo?
O percebimento de
retroativos par-ce-la-dos mensais não configura salário. Os magistrados se dão
salários estratosféricos e os anistiados levam a culpa...é isso mesmo?
O artigo
buscando recompensa pelo “achado” se contradiz e levanta uma bandeira injusta
apontando para o lado de quem nada tem a ver com o cenário que ora se
apresenta.
Aponta para quem lutou pela democracia e foi cruelmente punido em
seu mais caro bem dentro da nossa sociedade, o trabalho.
E mais, vale esclarecer: servidores são regidos por estatuto
do funcionário público. Por ser a Petrobras uma empresa de economia mista, tem
a CLT como regime de contratação do seu quadro de funcionários, ou seja, não
são servidores.
Errou o artigo e multiplicou o erro pelos seus milhares
de leitores, inclusive os digitais, difundindo a ignorância a desserviço da
democracia.
Quem escreveu, acaso
leu a lei 10559/02 ou só ouviu falar? Proponho que leia e leia e leia, até
entender.
Dicionário ajuda.
Proponho aos leitores desse jornal, antes de
comprar a idéia de qualquer artigo, procurem se ilustrar quanto ao que está
sendo veiculado.
Bom lembrar o discurso de
Rui Barbosa no Senado, sessão de 5 de agosto de 1905, cujo tema é Anistia: “Nós
não exercemos a magistratura da justiça: fazemos a política das necessidades
sociais.
Quando as circunstâncias desarmam a repressão; quando as
responsabilidades se obscurecem na confusão dos erros e crimes; quando a
severidade, pelos seus excessos, ou pelos seus transvios, começa a induzir a
opinião pública a abraçar a causa das paixões vencidas, o que não se alcançaria
da perseguição e do medo, vai-se obter da clemência pela anistia, que aplaca os
ânimos, adormece as vinganças e cicatriza as feridas.”
Leila Pezzin (anistiada da INTERBRÁS)