Prezado Morani segue abaixo artigo publicado no Globo em 7/03/2011, sobre a
carencia de Mao de Obra em Hospitais Federais, que talvez voce
julgue interessante publicar em teu site.
Essa falta de pessoal citada no artigo, que poderá em parte
ser suprida/complementada por anistaidos em atividades de suporte,
é certamente um argumento muito valido para mostrar ao MPOG
a necesidade de acelerar a emissao de Portarias. Particularmente no
caso dos anistiados das TELES, eles poderao contribuir em funçoes como: Auxiliar ou Assistente Administrativo, Administrador, Nutricionista, Engenheiro,
Tecnico de manutemçao, Eletricista, Tecnico em telefonia, Pedreiro,
Marcineiro, Pintor, Motorista, Porteiro e varias outras funçoes de suporte.
Saudaçoes Gianvico .................................................................................................................................................................................................................................... Terceirização ilegal ameaça hospitais universitários,
destaca O Globo |
Um longo processo de terceirização de funcionários,
considerado ilegal pelo Tribunal de Contas da União (TCU),
ameaça o funcionamento de boa parte dos 46 hospitais
universitários federais, todos ligados ao Ministério da
Educação (MEC). Os hospitais têm hoje 70.373 profissionais,
dos quais 26.500 são terceirizados, segundo estudo da Associação Nacional
dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes).
O MEC vem sendo questionado sucessivamente pelo TCU. Em levantamento
de 2009, o MEC reconhecia que 59,03% do total eram servidores federais
concursados e contratados por regime jurídico único; os demais
trabalhavam pela Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), sendo
terceirizados, autônomos ou cedidos por outros órgãos. Responsáveis por atendimento de alta e média complexidade e por
fazer transplantes, as unidades têm sofrido com falta de pessoal e gastos
com os terceirizados. O problema já atinge quem precisa dos serviços:
1.500 leitos, diz a Andifes, estão desativados. Segundo o MEC, em 2009,
havia 10.277 leitos ativos e 1.188 fechados.
"O maior problema da rede é de recursos humanos, crise que se arrasta
há duas décadas. Os hospitais, que são escolas, não conseguem formar
quadros e contratam profissionais de modo ilegal, repassando verba
do SUS às fundações, que deveria ser para manutenção e compra
de insumos”, diz Natalino Salgado Filho, presidente da Comissão de
Hospitais Universitários da Andifes e reitor da Universidade Federal
do Maranhão. Para solucionar o problema, o TCU havia determinado
no acórdão 1520/2006 que o pessoal terceirizado fosse substituído até
dezembro de 2010, dando quatro anos para a mudança. Mas, quase
no apagar das luzes do governo Lula, foi publicada no Diário Oficial
da União a medida provisória que cria a Empresa Brasileira de Serviços
Hospitalares S.A., vinculada ao MEC e parte do conjunto de medidas
do Programa de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais
(REHUF), que vai liberar este ano R$200 milhões para as unidades.
A empresa vai permitir que os funcionários sejam contratados pela CLT,
condicionada à aprovação em concurso público, mas a medida divide opiniões.
“A MP é uma solução jurídica e institucional mais sustentável se tiver em
cada universidade um conselho responsável por preservar a autonomia
na gestão. Nosso problema é grave: para reabrir 1.500 leitos, precisaríamos
de dez mil funcionários, sendo que o déficit é maior na área de saúde”,
diz Natalino Salgado.
O Hospital São Paulo (HSP), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp),
que lidera o ranking de hospitais universitários mais eficientes do país,
tem cinco mil funcionários, dos quais apenas dois mil concursados
e três mil contratados pela CLT, o que desagrada ao TCU.
A contratação pela CLT foi a maneira encontrada pelo HSP para repor
os funcionários que se aposentavam ou morriam, já que não há concursos
gerais desde 2005. O diretor superintendente do HSP, José Roberto
Ferraro, diz que, com a autonomia das universidades,
cada um dos 46 hospitais lidou com o problema de falta de pessoal do
modo que achou mais adequado. Como o HSP decidiu contratar pela CLT,
preenchendo as vagas que surgiram, diz, nenhum serviço foi interrompido.
No Fundão, déficit de 914 profissionais
O Hospital Universitário de Brasília (HUB) enfrenta dívida de R$6,5 milhões
- em boa parte com fornecedores. Hoje, só atende dois grupos de
pacientes na ala emergencial: crianças e grávidas.
Adultos que precisam de atendimento de urgência não podem recorrer ao centro.
Nas últimas décadas, só foram realizados dois concursos: em 2002,
quando foram admitidos cem novos funcionários, e em 2006, quando menos
de 30 pessoas entraram. Hoje, quase metade do quadro de servidores do
hospital é terceirizada, o que, segundo o diretor do HUB, Gustavo Romero,
tem sido o centro dos problemas financeiros: "A gente não tem recursos
para trocar os equipamentos obsoletos, principalmente os mais caros.
A gente vai se equilibrando como pode. Sempre digo que é meio
miraculosa a maneira como o HUB sobrevive". Com capacidade para
trabalhar com 307 leitos de internação, o HUB só tem, no momento,
228 funcionando. Segundo o diretor do HUB, há 740 concursados.
Outros 623 trabalham com contratos de prestação de serviço.
No hospital da Universidade Federal do Maranhão, 60% do quadro
são contratados pela Fundação Josué Montelo. O hospital nunca fez
concurso desde que a UFMA assumiu sua gestão em 1991, e corre o
risco de fechar as portas caso a MP não seja aprovada criando regras
claras para a substituição dos contratados de maneira gradual.
O diretor, Vinicius Nina, lembra que até 2013 não haverá mais ninguém
do quadro original do hospital: “Muitos dos serviços que prestamos
estão no limite”. A reposição dos contratados por concurso é uma
determinação do TCU que o hospital tentou cumprir em 2010,
quando programou concurso para 1.225 vagas. Mas foi impedido,
já que dependia da aprovação do Ministério do Planejamento.
Com 576 leitos, o HU é o único hospital público no Maranhão
de alta complexidade e considerado o terceiro no ranking dos hospitais
universitários no país, destacando-se em cirurgia do coração e
transplantes de córnea e rins. Tem as únicas dez UTIs pediátricas
do estado.
Em 2010, foram realizadas 6.689 consultas e 7.055 cirurgias.
Reitor da Universidade do Maranhão, Natalino Salgado diz que
o governo não reconhece que essa e as outras 45 unidades da
rede funcionam "dentro da ilegalidade":
Esses hospitais têm dívida de R$400 milhões com fornecedores e
com processos trabalhistas. No Rio, há dez hospitais universitários
federais. No maior, o Clementino Fraga Filho, o Hospital
do Fundão, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ),
trabalham 2.249 efetivos e 914 terceirizados. O déficit de pessoal
é de 914 pessoas. Dos 500 leitos, 135 estão desativados. Segundo
a assessoria de imprensa, há carência de médicos e enfermeiros para
que emergência, terapia intensiva e anestesiologia possam crescer,
além de setores que hoje não têm condições parciais
ou totais de operação, como as unidades de transplante de medula
óssea e intensiva neurocirúrgica e hemoterapia.
No Hospital Gaffrée e Guinle, da Universidade Federal do Estado
do Rio de Janeiro (UniRio), a falta de profissionais prejudica o
atendimento. Única responsável por tratar crianças com HIV
no ambulatório do hospital, a imunologista Norma Rubini conta:
“Quando saio de férias, entrego mais de uma receita aos responsáveis
e deixo meus telefones. Não é o ideal, mas o último concurso foi
em 2003, e médicos também se aposentam e morrem.
Temos menos a cada dia”.
Belo Horizonte
A substituição de concursados por terceirizados no Hospital das
Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) é
um problema cuja solução a instituição adia desde 2002, quando
o Tribunal de Contas da União (TCU) denunciou pela primeira vez
o uso da sua Fundação de Apoio à Pesquisa (Fundep) para fornecer
mão de obra ao hospital. Os reitores da UFMG repetem à exaustão
o discurso de que a demissão de terceirizados levaria ao fechamento
das unidades. No entanto, nos últimos anos, eles pouco ou nada
fizeram para reverter o quadro. O último concurso foi em 2003.
“A Fundep extrapola as funções de apoio à pesquisa quando decide
fornecer mão de obra a ente público para burlar a lei, sem concurso.
Um ou outro funcionário especializado pode vir a ser
contratado desse modo, mas não é o que ocorre no Hospital das
Clínicas e em outros órgãos da Prefeitura de BH e do governo
do estado, que também contratam pela Fundep”, diz o procurador do
Ministério Público do Trabalho, Geraldo Emediato.
Emediato assina ação na Justiça cobrando multa de R$5 milhões
da Fundep e da UFMG, e multa diária de R$1 mil por cada
terceirizado mantido pela Fundep em órgãos públicos como efetivos,
e não em pesquisa e afins. A Vara do Trabalho deu ganho de causa
ao MP e o Tribunal Regional do Trabalho manteve a sentença,
retirando apenas o valor da multa global. A fundação recorre ao Tribunal
Superior do Trabalho para não ter de demitir os terceirizados.
Hoje, cerca de 40% do quadro do Hospital das Clínicas são
contratados pela Fundep. A assessoria da instituição informou que
a decisão de demitir terceirizados ainda não transitou em julgado.
Fonte: O Globo |