Dilma vem praticando o maior estelionato eleitoral da
história. Durante a disputa presidencial assumiu o discurso contra as
privatizações e, com isso, conseguiu superar José Serra.
Depois de
eleita, está patrocinando a privatização do petróleo brasileiro. A maior
traição será o leilão de Libra, marcado para 21 de outubro, um dos
maiores campos de petróleo do mundo.Isso depois de promover a
privatização dos portos, dos aeroportos e a terceirização exacerbada, o
que também não deixa de ser uma espécie de privatização.
A Petrobras resistiu à sanha privatista de Fernando Henrique Cardoso. O
ex-presidente acabou, na prática, com o monopólio da União sobre o
petróleo. Mas não conseguiu privatizar totalmente a companhia, que se
manteve sob o controle acionário do estado, nem mudou o nome da
empresa para Petrobrax, como pretendia, graças à pressão popular.
FHC transformou todo o patrimônio da Petrobras em “unidades de negócios”,
com o objetivo de vender a empresa em fatias. Mas, no seu mandato, só
conseguiu repassar ao capital privado 30% da Refinaria Alberto Pasqualini
(REFAP), no Rio Grande do Sul, o que foi contornado pelo presidente Lula
que ao assumir comprou de volta os 30%.
Críticas à parte ao modelo implementado pelos tucanos, capitaneado por
FHC - a conhecida “Privataria Tucana” - pelo menos era uma proposta
explícita: diminuir o tamanho do estado (embora vendendo o patrimônio a
preço vil) para investir em serviços que eles consideravam
essenciais.
Os tucanos deram com os burros n’água, tanto nos resultados políticos e
econômicos como eleitorais. Mas, o que a presidenta Dilma fez foi
enganar o eleitorado. Sua política é tão entreguista quanto a de FHC.
Talvez pior, pois deixou parte da oposição de esquerda atordoada. O caso
de Libra é o mais emblemático.
Transformados em dólar, os 14 bilhões de
barris de Libra estimados pela ANP corresponderiam a reservas avaliadas
em um trilhão e quatrocentos bilhões de dólares, quantia maior que nossas
reservas cambiais e a totalidade de nossa dívida interna e externa.
Enquanto se dispõe a entregar à petrolíferas estrangeiras toda essa
riqueza por uma bagatela (para cobrir déficit fiscal imediato, com fins
eleitoreiros), a presidenta joga areia nos nossos olhos, ocultando
o mais importante, ao mesmo tempo em que comemora a aprovação do
projeto que garante 75% dos royalties para a saúde e 25% para a educação.
Só que os royalties representam no máximo 15% do petróleo. E o
resto?
Imaginem a festa das multinacionais, dos bancos e dos mega empresários
que estão arrematando os 85% do petróleo nos leilões da ANP! A quem
estará reservada a jóia da coroa, o Campo de Libra? Seria Libra o
tesouro que Dilma chamou de “nosso passaporte do futuro” durante a
campanha eleitoral?
O vergonhoso “desinvestimento”
Como desgraça pouca é bobagem, Dilma coloca na presidência da
Petrobras, Maria das Graças Foster. Essa senhora está distribuindo os
ativos da Petrobras a bel prazer. Foster está fazendo aquilo que FHC não
conseguiu quando criou as “unidades de negócios”: está vendendo em
pedaços a Petrobras através do seu “Plano de Desinvestimento”.
Não existindo concorrência pública nesse processo, é a própria Foster que
escolhe o comprador. Exemplo: ela entregou 40% do mega campo BS 04, da
Bacia de Santos, para Eike Batista, e parte da Bacia Potiguar para a
Britsh Petroleum-BP.
Os leilões da ANP podem ser comparados à venda de bilhete premiado, crime
lesa-pátria ou a outras imagens igualmente fortes. Mas, pelo menos estão
previstos na Lei 9478/97, existindo também uma disputa entre as empresas,
os consórcios, audiência pública, valores do lance mínimo estipulados e
outras formalidades legais.
Já a venda dos ativos é pior. Maria das Graças Foster decide tudo
praticamente sozinha. Estipula quando, para quem e por quanto será
vendido cada ativo da Petrobras. Mais grave: a presidente da companhia é
suspeita de corrupção e nepotismo.
OUTRAS DENÚNCIAS
Investigação sobre uma compra no Centro de Pesquisa da Petrobras
(Cenpes), em 1999, onde Foster era lotada, apontava favorecimento a
empresa de seu marido, Colin Foster. A denúncia apurada pela antiga Divin
(atual Gerência de Investigação Empresarial da Petrobras), foi engavetada
por um gerente do Cenpes, Sr Camerine.
Em reunião com a Federação Nacional do Petroleiros (FNP) Graça Foster, de
viva-voz, negou que o marido tivesse negócios com a Petrobras. No
entanto, posteriormente, o Sindipetro-RJ divulgou provas dos negócios
entre o marido dela e a companhia e, também, com a ANP.
Os petroleiros, com apoio da sociedade, conseguiram barrar na
Petrobras a privataria tucana. Será que vamos conseguir barrar a
privataria petista?
Rio, 23/08/2013.